O Dia em que Morri - Parte 2

Já nem podia sentir o tempo passar... Dias, meses, anos. Essa contagem já não existia para mim. Pensava em onde estava e no motivo de estar em confinamento. Sim! Isso mesmo. Só podia ser um tipo de prisão, talvez o purgatório, talvez o próprio inferno. Que castigo poderia ser pior que passar toda eternidade assim, em total abandono, pairando no silêncio entorpecente.
Eu quase já não lembrava quem havia sido ou como vivi. Esse vazio foi crescendo a ponto de esquecer meu próprio nome. Eu só me perguntava o porquê de ter chegado a viver.
-Por quê? Queria poder gritar, mas não tinha voz, nem corpo ou vida.
O ódio consumia o que ainda existia e aqueles que haviam sido meus pais eram os principais alvos. Achava que todos os problemas que me levaram a solidão eram culpa dos outros, mas nem lembrava desses outros ou de mim. Apesar disso o sentimento de ódio e amargura permanecia. Estava ali, odiando tudo o que era vivo. Tudo que era diferente de mim.
Que tipo de castigo havia recaído sobre mim?Como eu poderia passar toda eternidade dessa forma. Tentava lembrar da minha vida, do que gostava enquanto vivia. Nunca lembrava de nada. Apenas aquelas sensações de ódio e de solidão me restavam. Cada vez a angústia e a desesperança me rodeavam mais. Não havia fuga ou o que fazer. Apenas fica ali. E esperar.
Eu já acreditava na minha eternidade em um purgatório de silêncio e cores, então quase não acreditei quando ouvi um ruído longe. De repente imagens começaram a surgir e comecei a temer que meu castigo fosse maior do que imaginei.

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