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Cada dia será Publicado um pequeno trecho....

O DIA EM QUE MORRI

Capítulo 1 – INERTE


O silêncio tomou conta da sala e o vazio aproximou-se como uma tempestade devastadora. O corpo ali caído, inerte, nem parecia onde antes havia estado uma alma jovem. Tudo que era vivo estava deixando aquele corpo morto e eu assistia essa passagem de perto, como um convidado VIP em um camarote sem concorrência.
Eu assistia aquele espetáculo que era minha vida abandonar meu corpo.
Era verdade!Eu havia morrido e aquele corpo que usei estava ali imóvel. A confusão tomou conta de mim. Não entendia o que havia acontecido, nem ao menos lembrava o motivo da minha morte. Seria o coração?Assassinato?Não conseguia lembrar e mesmo sem vida a angústia tomava conta de mim.
Já não possuía forma corpórea. Sentia uma energia, uma chama que parecia ser agora meu lar. Longe da casca, agora eu era pura alma. Enxergava sem olhos, ouvia com a alma. O que estava acontecendo?Eu não queria isso. Queria minha casca de volta. Aquela ali inerte.
Aquele sentimento era insuportável. Queria viver. De repente comecei a sentir ódio de todos aqueles que estavam vivos por terem me deixado partir. Queria fazer com que pagassem por me deixar em abandono. Odiava meus pais, parentes, aqueles que se diziam amigos, antigos amores... Odiava todos.
Naquele momento desejava sumir ou morrer, mas já havia morrido e não sabia o que fazer. Esperei que surgisse algo como uma luz ou algo ruim, mas nada apareceu e eu continuei ali. Eu já não enxergava, nem ouvia. Apenas sentia que ainda tinha alguma existência e a solidão aumenva na mesma medida do ódio por aqueles q me deixaram só.